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Este blog foi criado para professores de 4º e 5º ano que encontram dificuldades para achar atividades. Algumas são criadas por mim e outras selecionadas dos grupos que participo. Se alguma atividade é de sua autoria me escreva para que dê os devidos créditos. Revise o conteúdo antes de utilizar. Não possuo os gabaritos. Tenho apenas as atividades.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Atitude suspeita

       Sempre me intriga a notícia de que alguém foi preso “em atitude suspeita”.  É uma frase  cheia  de  significados.  Existiriam  atitudes  inocentes e atitudes duvidosas  diante da vida e  das coisas  e  qualquer um de nós  estaria sujeito a, distraidamente, assumir uma atitude que dá cadeia!
      ― Delegado, prendemos este cidadão em atitude suspeita.
      ― Ah, um daqueles, é? Como era a sua atitude?
      ― Suspeita.
      ― Compreendo. Bom trabalho, rapazes. E o que é que ele alega?
      ― Diz que não estava fazendo nada e protestou contra a prisão.
      ― Hmm.   Suspeitíssimo.  Se  fosse   inocente   não  teria  medo  de  vir  dar explicações.
      ― Mas eu não tenho o que explicar! Sou inocente!
      ― É o que  todos dizem  meu caro. A sua  situação é preta. Temos  ordem de limpar a cidade de pessoas em atitudes suspeitas.
      ― Mas eu estava só esperando o ônibus!
      ― Ele fingia que estava esperando um  ônibus, delegado. Foi o que despertou a nossa suspeita.
      ― Ah! Aposto  que  não havia  nem uma parada  de ônibus  por perto.  Como é que ele explicou isso?
      ― Havia uma  parada sim, delegado. O que  confirmou a  nossa  suspeita.  Ele obviamente  escolheu uma parada de  ônibus  para fingir  que esperava o ônibus sem despertar suspeita.
      ― E o cara-de-pau ainda se declara inocente! Quer dizer que 
passava ônibus, passava  ônibus e  ele ali  fingindo que o  próximo é que  era o dele? A  gente vê cada uma...
      ― Não senhor delegado. No primeiro ônibus que apareceu ele ia subir, mas nós  agarramos  ele primeiro.
      ― Era o meu  ônibus, o  ônibus que eu pego  todos os dias para ir  para casa! Sou inocente!
      ― É a segunda  vez  que o senhor  se declara  inocente, o que é muito suspeito. Se é mesmo  inocente, por que insistir tanto que é?
      ― E se eu me declarar culpado, o senhor vai me considerar inocente?
      ― Claro que  não. Nenhum  inocente  se declara  culpado, mas  todo culpado se declara  inocente. Se o  senhor é  tão  inocente  assim, por que  estava  tentando fugir?
      ― Fugir, como?
      ― Fugir no ônibus. Quando foi preso.
      ― Mas eu não estava tentando fugir. Era o meu ônibus, o que eu tomo sempre!
      ― Ora,  meu  amigo. O  senhor  pensa  que  alguém  aqui  é  criança? O  senhor estava fingindo que  esperava um ônibus, em  atitude suspeita, quando  suspeitou destes  dois agentes da lei ao seu lado.Tentou fugir e...
      ― Foi isso mesmo. Isso mesmo! Tentei fugir deles.
      ― Ah, uma confissão!
      ― Porque eles estavam em atitude suspeita, como o delegado acaba de dizer.
      ― O quê? Pense bem no que o senhor está dizendo. O senhor acusa estes dois agentes  da lei de estarem em atitude suspeita?
      ― Acuso. Estavam  fingindo que  esperavam  um ônibus e na  verdade estavam me vigiando. Suspeitei da atitude deles e tentei fugir!
      ― Delegado...
      ― Calem-se! A conversa agora é outra. Como é que vocês querem que o público  nos respeite se nós  também   andamos  por aí em  atitude  suspeita? Temos  que dar o exemplo. O cidadão pode ir embora. Está solto. Quanto a vocês...
      ― Delegado,  com   todo  o   respeito,  achamos   que  esta  atitude, mandando  soltar  um  suspeito  que confessou estar em atitude suspeita
é um pouco...   
      ― Um pouco? Um pouco?
      ― Suspeita
 
                                                                  Luis Fernando Veríssimo


1. Qual é a “frase cheia de significados” de que nos fala o cronista?

2. No primeiro parágrafo do texto, o cronista nos explica o que é uma atitude suspeita. Retire do texto a passagem em que isso é feito.

3. “Delegado, prendemos este cidadão em atitude suspeita.”
a. Quem está falando? Como você sabe?
b. Onde devem estar as pessoas que participam desse diálogo?
c. Quantas pessoas participam desse diálogo?

4. Qual era a atitude do cidadão quando foi preso?

5. “— Compreendo. Bom trabalho, rapazes.”
a. O que você acha que o delegado compreendeu?
b. As explicações dadas foram esclarecedoras?

6. Por que o delegado considera “suspeitíssima” a alegação do acusado?

7. “A sua situação é preta.” 
a. Qual o significado da palavra preta na frase acima?
  b. Se a situação do cidadão fosse outra, oposta, que cor seria usada para caracterizá-la?

  8. “Nenhum inocente se declara culpado, mas todo culpado se declara inocente.” Diante de uma frase dessas, o que você faria?  Há alguma saída?

9. Qual a confissão feita pelo suspeito?

10. Por que o suspeito considerou a atitude dos “rapazes” do delegado suspeita?

11. Qual a atitude do delegado, ao ouvir que seus “rapazes” haviam adotado uma atitude suspeita?

12. Por que o delegado resolveu soltar o suspeito?

13. Por que a atitude final do delegado foi considerada suspeita?

14. Como você percebeu, os quatro personagens acabam sendo acusados de praticarem
“atitudes suspeitas”, numa sequência interessante: o cidadão comum, os dois agentes da lei,o delegado! Que conclusão podemos tirar desse fato?

15. Todo o texto é construído a partir da expressão atitude suspeita.
a. Por que essa expressão causa tanto problema?
      b. O que é, afinal, uma atitude suspeita?

 Atividade enviada por Neiva Teixeira para Professores Solidários.

3 comentários:

  1. Este texto é "um tanto quanto" suspeito!

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  2. mmmmmmmmmmmmmmuuuuuuuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiittttttttttttttttoooooooo legal gente ora essa muito suspeita

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